Infância informatizada

O uso do computador interfere no comportamento da criança

Brincar com bonecas ou carrinhos, correr ou pular, não são mais atividades tão atraentes para as crianças que usam computador. Elas estão cada vez mais envolvidas com a informática, fazendo desaparecer as brincadeiras tradicionais tão saudáveis da infância. Segundo o psicólogo e professor da UNEF Rodrigo Nejn, a internet é um dos exemplos de informatização presente na vida das crianças. Como todo dispositivo tecnológico a internet fornece um novo e rico campo simbólico que ajuda no desenvolvimento cognitivo. Ao mesmo tempo as brincadeiras e jogos que "ralam os joelhos" não podem ser excluídos pelas atividades mediadas por tecnologias avançadas.O computador auxilia nas lições de casa, no aprendizado, no desenvolvimento da coordenação motora e no exercício do raciocínio lógico, mas seu uso em excesso pode provocar problemas para a criança e interferir no comportamento. “Caso seja um uso pedagógico e lúdico os efeitos sobre o comportamento serão positivos. Caso o uso seja descontrolado e exclua outras atividades longe do computador a criança pode apresentar dificuldades de relacionamento com colegas, dificuldade em fazer novas amizades e participar de atividade e jogos coletivos. Se isto persistir por muito tempo produz efeitos negativos na vida adulta, especialmente no trabalho e no relacionamento amoroso”, explicou Rodrigo Nejn.
A proprietária de uma LAN House Cristina Guedes, mãe de cinco filhos percebeu mudanças no comportamento de seu filho mais novo, Daniel de 7 anos. Desde que começou a brincar com jogos no computador, ele perdeu o apetite, não queria mais abandonar o jogo, dormia pouco e muito tarde para continuar jogando, o que provocava muito sono no dia seguinte fazendo-o adormecer em sala de aula. Seu rendimento escolar diminuiu bastante.Além de todos esses problemas que Daniel passou, uso do computador em excesso também reforça a timidez, pois a criança passa a ter pouco convívio social, “a criança pode ter dificuldades em comportar-se em situações reais quando não pode controlar e manipular a realidade como no PC”, e perda de interesse por livros e brinquedos. As brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento da criança, pois auxilia na reflexão de algumas situações vividas por elas, favorece o entendimento de certos princípios de conduta, oferece oportunidades de viver momentos de liderança, colaboração, respeito ás leis de algumas brincadeiras, entre outros.Preocupada com as mudanças no comportamento de seu filho, Cristina passou a impor limites, estabeleceu um horário para as brincadeiras no computador, e procurou atividades que ocupasse o tempo dele durante o dia e um reforço escolar. Assim ele não ficaria tanto tempo em frente ao computador correndo o risco até mesmo de adquirir problemas de postura e lesões por esforço repetitivo (LER). “Hoje Daniel se alimenta melhor e dorme bem. Tudo é uma questão de reeducação, de saber impor limites, até seu rendimento na escola melhorou, aprendeu a usar o computador para ajudar nas lições de casa” Comemorou Cristina. “Em partes o computador é bom, mas é preciso ditar regras, dar mais atenção aos filhos, ao que eles estão acessando. Parece que aqueles jogos fazem uma lavagem cerebral na criança, além disso, a maioria são muito violentos, quanto mais conseguir matar os personagens dos jogos mais bônus ganham. Como ficará a conduta de uma criança que cresce brincando com jogos como esses?”, questionou.
Rodrigo Nejn afirma ainda que a presença equilibrada permite acesso a informações muito complexas e amplia as referencias para futuros comportamentos. Pode auxiliar na aprendizagem e intensifica o exercício neurológico que permite "animar" o desenvolvimento cognitivo. O computador pode ser apenas mais um elemento que auxilie o desenvolvimento das crianças se for bem utilizado. “Caso contrário pode definir sérios problemas de relacionamento e contribuir para a formação de identidades pouco sociáveis.”Os pais : Os pais devem impor limites aos filhos, ditar regras. Isso não vale apenas para o uso do computador, mas também para todos os outros recursos tecnológicos como celular, televisão, DVD, mp5 e videogame. Como diz o professor Rodrigo Nejn, controlar não é apenas proibir ou punir. O controle deve ser pedagógico regulando os tipos de conteúdo, o limite de horas de uso, incentivar brincadeiras com a natureza, com outras crianças, esportes sem tecnologia.
Os adultos podem e devem dedicar algum tempo para brincar junto com as crianças, com e sem os dispositivos tecnológicos, para que a criança aprenda os limites não apenas na bronca, mas também na própria brincadeira. O maior alerta é o risco da Internet. Infelizmente a internet já é utilizada para a prática de inúmeros crimes, dentre ele o aliciamento de crianças. Este é um perigo enorme especialmente nas salas de bate-papo e nos sites de relacionamento. Pais e crianças precisam estar muito bem educados para que a navegação seja segura. No mundo todo há instituições que buscam combater estas práticas criminosas e ensinar a navegação segura.Há uma instituição baiana chamada SaferNet que promove campanhas educativas e recebe denuncias anônimas através do site http://www.safernet.org.br/

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