A ilha da mídia


Reflexão sobre o filme A Ilha


1. Qual o papel do comunicador social como "construtor" de "ilhas" na sociedade atual. Como a organização da linguagem direciona o comportamento das pessoas (opiniões, discursos, interesses e consumo).


Moradores de um lugar utópico acreditam ser os únicos sobreviventes, após uma terrível contaminação que houve na Terra. Apenas um território, a ilha, é o único lugar descontaminado do planeta. O grande sonho desses supostos sobreviventes é serem sorteados, poder morar na ilha e viver felizes para sempre. Desde que chegam a nova casa, os sobreviventes são iludidos com essa história de morar na ilha, não sabe que na verdade irão para uma sala de cirurgia, quando sair dali, pois não passam de clones,cópias cujos órgãos serão doados para garantir a sobrevivência do seu “original”.Não moramos em um lugar utópico como o do filme, mas desejamos conhecer ou ter ilhas. Esse desejo não nasce de uma hora para outra e de nós mesmos, mas sim de idéias, sugestões oferecidas pela mídia, movida pelo desejo capitalista de fazer as pessoas consumirem cada vez mais e acreditarem no que ela diz. As pessoas, vivem preocupadas com o status, em comprar os produtos oferecidos de uma forma fascinante pela publicidade.


É incrível o poder que a mídia tem de formar ilhas no pensamento das pessoas. Para isso utiliza vários artifícios que podem agir sobre o comportamento. Ofertam o paraíso e a ascensão social de maneira contínua e intensa, fazendo o indivíduo acreditar que pode aceitar tal oferta e alcançar aquilo que passou a desejar apenas porque foi apresentado ou valorizado pela mídia.O principal mecanismo psicológico utilizado pelos comunicadores sociais é o da persuasão, uma tentativa de convencimento que ultrapassam ou não as alicerce racionais da transmissão de uma mensagem.


Quando é utilizado apenas os alicerces racionais para alcançar o receptor da mensagem, procura-se atingir o plano de sua consciência para que ele possa verificar se a informação disponível é ou não importante para ele. Utilizam-se nesse caso informações objetivas que possa garantir a sua veracidade, como acontece, por exemplo, nos telejornais. No entanto também é utilizado os recursos de alicerces irracionais, de fundo emotivo, para persuadir o receptor da mensagem mais pelo campo da subjetividade do que pelo da objetividade da informação, (responsável pela massificação da subjetividade), esse recurso é muito aproveitado pela publicidade que utiliza a técnica de associar valores sociais ao produto anunciado.A organização da linguagem direciona o comportamento das pessoas, forma opiniões, desenvolve interesses, influencia no consumo, direciona em seus discursos. Mas como? Oferecendo um objeto de desejo imaginário que se concretiza no produto anunciado? A artimanha utilizada para persuadir trabalha não só com a criação de desejos ou sofisticação, mas também com a construção lingüística da mensagem, utilizando conteúdos ideacionais e crenças que procuram alterar o campo cognitivo das pessoas.No filme, um jovem pede um canudo para tomar o refrigerante, em seguida seu amigo pergunta se ele namora com canudinho e compara a garrafa de coca-cola com uma garota, sua criação lingüística influenciou o jovem a desistir de tomar o refrigerante com canudinho. Essa cena leva a uma reflexão sobre o papel do comunicador social como construtor de ilhas, ou de atitudes.


Muitas pessoas são vulneráveis as sugestões da mídia, a vêem como referencia. Mesmo não tendo controle absoluto de nossa subjetividade, a mídia possui a capacidade de determinar certas atitudes ou opiniões através de um processo de convencimento que usa a linguagem como principal instrumento.Acredito que a ilha não a da ficção, mas a do mundo real seria um conglomerado de consumidores altamente compulsivos e insatisfeitos, querendo cada vez mais, pois o consumo nem sempre proporciona alegria por um longo período. Daí vem a questão do pós-consumo. Será que aquele produto proporcionou o prazer que o consumidor pensou que iria ter? A publicidade sempre apresenta um mundo perfeito associado ao produto e procura produzir uma verossimilhança com a realidade para que as pessoas não se distanciem desse mundo apresentado e que pode ser alcançado. É nesse momento que um novo desejo de consumo nasce, que uma nova ilha é formada.

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